SAF: Entenda o que é a nova onda do mundo dos negócios envolvendo futebol e o novo modelo de clube-empresa

O futebol brasileiro vive uma nova onda no mundo dos negócios e ela atende pelo nome, ou melhor, pela sigla “SAF: Sociedade Anônima do Futebol”.

A venda do Cruzeiro para o craque e empresário Ronaldo, o Botafogo sendo comprado por um investidor americano, são os tipos de notícias que irão se tornar cada vez mais comuns no noticiário brasileiro. Porém, você sabe o que significa SAF ou como funciona esse novo modelo de negócio no mundo esportivo? A seguir um breve panorama sobre o que é uma SAF e as notícias mais recentes envolvendo a venda de clubes tradicionais no Brasil.

 

O que é uma SAF? 

 

Como já dissemos, SAF significa “Sociedade Anônima do Futebol”. Diferente do modelo tradicional dos clubes de futebol que são tratados como uma “Associação sem fins lucrativos”, agora esses mesmos clubes poderão se tornar clubes-empresas com a venda de suas ações e dívidas, por exemplo, sem a necessidade de adotarem o modelo clássico praticado no Brasil, composto por presidente, vice, dirigentes, conselho administrativo, etc.

Atualmente, muitos clubes estão migrando para esse novo modelo de negócio para quitar suas dívidas, uma vez que, adotado esse modelo, a SAF passa a ter a obrigação de pagar os credores do clube em até 10 anos.

Esse assunto está em pauta agora, em quase todos os noticiários do Brasil, porque a SAF foi possível no país somente com a aprovação de uma Lei, sancionada no dia 9 de Agosto de 2021, pelo então presidente, Jair Bolsonaro. Apesar de alguns vetos, o Projeto de Lei do senador Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, agradou a muitos, principalmente aos clubes mais endividados que enxergam o modelo de SAF como uma recuperação da marca e também uma garantia mais segura para os investidores.

Muitos se perguntam qual seria a diferença entre os clubes que já foram vendidos como empresas, como os casos do Red Bull Bragantino e do Ferroviária-SP, e o Cruzeiro do Ronaldo. A diferença é que esses dois primeiros são “Sociedades Limitadas” e a Raposa uma “Sociedade Anônima”.

Red Bull Bragantino e Ferroviária-SP possuem uma tributação superior à do Cruzeiro. As “SAF – Sociedades Anônimas de Futebol” terão uma tributação de 5% de imposto em cima da sua receita, para um clube que fatura milhões anualmente, isso fará muita diferença.

 

Roman Abramovich ao centro com o troféu da Premier League

Roman Abramovich ao centro com o troféu da Premier League

 

A transformação de clubes em empresas pode ser novidade no Brasil, mas é algo bem praticado na Europa onde existem muitos modelos que deram certo. O Chelsea, por exemplo, foi comprado em 2003 pelo magnata russo do ramo do petróleo, Roman Abramovich, por 140 milhões de libras. Depois de um bom investimento nos “Blues” o clube logo faturou o Campeonato Inglês em 2004/05. Outro exemplo é o Manchester United, as negociações ocorreram entre 2003 e 2005 envolvendo a compra do clube para o bilionário americano, Malcolm Glazer, que desembolsou 790 milhões de libras.

 

Nasser Al-Khelaifi ao lado de Neymar

Nasser Al-Khelaifi ao lado de Neymar

 

O clube de Manchester teve uma fase gloriosa nessa época com um elenco lendário de nomes como: Cristiano Ronaldo, Wayne Rooney, Carlitos Tévez, entre outros, vencendo  5 Premier Leagues e 1 Liga dos Campeões da UEFA. Outro exemplo de sucesso é o PSG, comprado pelo empresário, Nasser Al-Khelaifi, com residência em Doha, por “apenas” 50 milhões de euros. Depois disso a equipe faturou 6 Copas da França e algumas competições menores, provando o quão lucrativo esse negócio pode ser, além de muito atrativo para o mundos das apostas. Pela Rivalry, inclusive, que é fã de esportes, você faz apostas no futebol do mundo todo, em todas as grande Ligas como: Premier League, La Liga, Brasileirão, Bundesliga e muitas outras.

 

As negociações para clube-empresa mais recentes do futebol brasileiro

 

A primeira grande negociação com destaque no cenário nacional foi a compra do Cruzeiro por Ronaldo Fenômeno. O clube encontrava-se mergulhado numa grande crise com dívidas em torno de 1 bilhão de reais, como a “Transfer Ban”, referente à FIFA. Um eventual não pagamento da dívida para a Entidade poderá acarretar no bloqueio da contratação de novos atletas pelo clube. Diante de todo esse cenário Ronaldo irá desembolsar um total de 400 milhões de reais, a maioria do investimento inicial será para saldar as dívidas mais urgentes, como essa da FIFA. Inclusive, esse valor é muito mais do que investiu para comprar 51% do Real Valladolid, atualmente na segunda divisão espanhola. Foram 30 milhões de euros (cerca de 200 milhões de reais. Hojevasco Ronaldo detém 82% das ações do clube espanhol, conforme divulgado pelo GE.

 

Ronaldo na assinatura do contrato de compra do futebol do Cruzeiro

Ronaldo na assinatura do contrato de compra do futebol do Cruzeiro

 

Outra grande negociação que está em curso é a venda do Botafogo para o empresário John Textor. O Fogão, um clube que teve grandes lendas do futebol e campeões mundiais como Nilton Santos, Jairzinho e Garrincha, foi comprado agora pelo americano por 410 milhões de reais. O clube também possui uma dívida de quase 1 bilhão de reais.

 

John Textor sendo recebido pela torcida do Botafogo

John Textor sendo recebido pela torcida do Botafogo

 

Esse valor pago por John Textor foi referente a 90% do clube, o que dá poder majoritário ao empresário, que promete investir na busca de novos talentos para o Botafogo, além de atrair jogadores para formar um time competitivo, conforme noticiado também pelo GE.

Outros clubes como América-MG e Athlético Paranaense podem se adentrar por esse caminho das SAFs, o que mostra o quanto essa onda é, de fato, uma realidade e que poderá se tornar cada vez mais comum no dia a dia dos clubes e torcedores brasileiros.

 

Foto de capa: Divulgação

 

 

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João Corneta

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