You’ll Never Walk Alone. Decepção, Sucesso e Glória
Ontem, 26 de maio de 2018, foi a final da Liga dos Campeões. Um duelo entre dois gigantes europeus: Real Madrid da Espanha e Liverpool da Inglaterra. O início do jogo foi memorável, até os 24 minutos do primeiro tempo quando aconteceu o lance que quase tirou da Copa do Mundo (ainda há esperança!) o atacante egípcio Mohamed Salah.
Não lembro de um jogo de futebol ter me deixado tão decepcionado como essa final da Champions. Confesso que tenho uma admiração pelos “Reds“, principalmente pelas cores e simbologia, além da relação com a torcida “You’ll Never Walk Alone” (Você Nunca Caminhará Sozinho). Entretanto, não sou um “antimadridista”, gosto muito do estilo de jogo proposto pelo clube, comandado pelo excepcional ex-jogador e melhor técnico do mundo na atualidade, Zinedine Zidane. Mas o ponto em questão para a decepção foi o lance entre Sergio Ramos (RMD) e Mohamed Salah (LFC), uma ducha de água fria para mim, perdi a sintonia com o jogo na hora. Nem a meia bicicleta de Gareth Bale e os dois frangos do Thor (Loris Karius, goleiro alemão do Liverpool) me ajudaram a recuperar a emoção da Final. Mas por quê?
A resposta estava escancarada nas redes sociais, na maioria das vezes com muita falta de educação e ódio, infelizmente um comportamento padrão que acompanha as opiniões de uma boa parte das pessoas na web hoje em dia. Quem já jogou uma pelada sabe quando uma jogada é desleal, isso tira todo mundo do sério. Aos 24 minutos de jogo aconteceu tal fato, novamente protagonizado pelo capitão do time Merengue.
Desde sempre o capitão de um time de futebol, pelada, combinado solteiros x casados, (exceção ao dono da bola), etc, é aquele sujeito que possui liderança e, acima de tudo, fair play (antigamente o termo era conhecido como honra). Faltou isso e muito mais na jogada entre Sergio Ramos e Salah, que além de ser desleal, também foi covarde, pois os braços do egípcio estavam imobilizados, impossibilitando que ele se protegesse na hora da queda. Importante lembrar que até aquele momento o Real Madrid estava acuado em campo diante do posicionamento do Liverpool, marcação pressão “perde-recupera” com Salah e Mané abertos na frente. O jogo estava para os Reds, era questão de tempo.
Mas o tempo mostrou que não. O futebol é, e sempre será, imprevisível, proporcionando reviravoltas durante o jogo. Entretanto, quando elas acontecem “fora da regra”, incomodam muito, surge aquele sentimento de injustiça no ar. Pelo ou menos para alguns. Esse ponto em particular me lembrou o recente episódio em Suzano (SP) com a policial militar que atirou num assaltante em frente a uma escola. Sem entrar no mérito se foi necessário ou não, pois não estava lá, o que mais me chamou a atenção foi o sentimento de prazer que rondou as redes sociais com a morte do assaltante. Voltando ao futebol, quantas vezes já ouvimos nos estádios, atualmente “arenas”, o grito “Quebra!” ou “Não deixa jogar!”, como que autorizando o jogador do nosso time a tirar do jogo, literalmente, o craque adversário?
Tive a precaução de averiguar as reações dos fãs do Real Madrid nas redes sociais antes de escrever esse post e percebi que a grande maioria participa dessa máxima, inclusive, parabenizando o “#Capi” pelo feito: tirar Salah da Final. Infelizmente isso não é exclusividade dos torcedores merengues, está presente dentro de quase todas as torcidas, principalmente dentro das organizadas. Vale tudo para ser campeão, ter sucesso e conquistar a glória. Vida que segue.
Fico aqui torcendo pela recuperação de Mohamed Salah, o único nos últimos 10 anos a ameaçar os tronos de Cristiano Ronaldo (RMD) e Lionel Messi (FCB), e por um bom desempenho da seleção do Egito na Copa da Rússia 2018. Salah tem a seu favor a história das Copas e o lastro que elas proporcionam com seus torcedores, como em 1970, no jogo considerado o melhor de todos até hoje: a semifinal entre Itáila e Alemanha, quando Franz Beckenbauer jogou com a clavícula deslocada.
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