You’ll Never Walk Alone. Decepção, Sucesso e Glória

Ontem, 26 de maio de 2018, foi a final da Liga dos Campeões. Um duelo entre dois gigantes europeus: Real Madrid da Espanha e Liverpool da Inglaterra. O início do jogo foi memorável, até os 24 minutos do primeiro tempo quando aconteceu o lance que quase tirou da Copa do Mundo (ainda há esperança!) o atacante egípcio Mohamed Salah.

ucl-2018-01

Acervo Futbox: escudos de RMD (1930s) e LFC (1960s)

Não lembro de um jogo de futebol ter me deixado tão decepcionado como essa final da Champions. Confesso que tenho uma admiração pelos “Reds“, principalmente pelas cores e simbologia, além da relação com a torcida “You’ll Never Walk Alone” (Você Nunca Caminhará Sozinho). Entretanto, não sou um “antimadridista”, gosto muito do estilo de jogo proposto pelo clube, comandado pelo excepcional ex-jogador e melhor técnico do mundo na atualidade, Zinedine Zidane. Mas o ponto em questão para a decepção foi o lance entre Sergio Ramos (RMD) e Mohamed Salah (LFC), uma ducha de água fria para mim, perdi a sintonia com o jogo na hora. Nem a meia bicicleta de Gareth Bale e os dois frangos do Thor (Loris Karius, goleiro alemão do Liverpool) me ajudaram a recuperar a emoção da Final. Mas por quê?

A resposta estava escancarada nas redes sociais, na maioria das vezes com muita falta de educação e ódio, infelizmente um comportamento padrão que acompanha as opiniões de uma boa parte das pessoas na web hoje em dia. Quem já jogou uma pelada sabe quando uma jogada é desleal, isso tira todo mundo do sério. Aos 24 minutos de jogo aconteceu tal fato, novamente protagonizado pelo capitão do time Merengue.

Desde sempre o capitão de um time de futebol, pelada, combinado solteiros x casados, (exceção ao dono da bola), etc, é aquele sujeito que possui liderança e, acima de tudo, fair play (antigamente o termo era conhecido como honra). Faltou isso e muito mais na jogada entre Sergio Ramos e Salah, que além de ser desleal, também foi covarde, pois os braços do egípcio estavam imobilizados, impossibilitando que ele se protegesse na hora da queda. Importante lembrar que até aquele momento o Real Madrid estava acuado em campo diante do posicionamento do Liverpool, marcação pressão “perde-recupera” com Salah e Mané abertos na frente. O jogo estava para os Reds, era questão de tempo.

ucl-2018-Gareth Bale 2

Meia bicicleta de Bale: RMD 2×1 LFC

ucl-2018-Loris Karius

Final: RMD 3×1 LFC

Mas o tempo mostrou que não. O futebol é, e sempre será, imprevisível, proporcionando reviravoltas durante o jogo. Entretanto, quando elas acontecem “fora da regra”, incomodam muito, surge aquele sentimento de injustiça no ar. Pelo ou menos para alguns. Esse ponto em particular me lembrou o recente episódio em Suzano (SP) com a policial militar que atirou num assaltante em frente a uma escola. Sem entrar no mérito se foi necessário ou não, pois não estava lá, o que mais me chamou a atenção foi o sentimento de prazer que rondou as redes sociais com a morte do assaltante. Voltando ao futebol, quantas vezes já ouvimos nos estádios, atualmente “arenas”, o grito “Quebra!” ou “Não deixa jogar!”, como que autorizando o jogador do nosso time a tirar do jogo, literalmente, o craque adversário?

Tive a precaução de averiguar as reações dos fãs do Real Madrid nas redes sociais antes de escrever esse post e percebi que a grande maioria participa dessa máxima, inclusive, parabenizando o “#Capi” pelo feito: tirar Salah da Final. Infelizmente isso não é exclusividade dos torcedores merengues, está presente dentro de quase todas as torcidas, principalmente dentro das organizadas. Vale tudo para ser campeão, ter sucesso e conquistar a glória. Vida que segue.

Fico aqui torcendo pela recuperação de Mohamed Salah, o único nos últimos 10 anos a ameaçar os tronos de Cristiano Ronaldo (RMD) e Lionel Messi (FCB), e por um bom desempenho da seleção do Egito na Copa da Rússia 2018. Salah tem a seu favor a história das Copas e o lastro que elas proporcionam com seus torcedores, como em 1970, no jogo considerado o melhor de todos até hoje: a semifinal entre Itáila e Alemanha, quando Franz Beckenbauer jogou com a clavícula deslocada.

 

creative commons

Categorias: Campeonatos / Clubes / Futebol / OpiniãoPágina inicial

Adriano Ávila

A prova inquestionável que existe vida inteligente fora da Terra é que eles nunca tentaram contato com a gente.

Veja todos os posts de

Veja também: