Incoerências

O Campeonato Brasileiro está nivelado por baixo. Quantas vezes você já ouviu isso nas rodas de amigos, mesas de bares e programas de TV?

Mas o Brasil não é o país do futebol, pentacampeão, fábrica de talentos e que revela craques que vez ou outra são eleitos os melhores jogadores do mundo?

Ora essa, quanta ironia, não é mesmo?

Entre tantos motivos, focaremos em dois que podem ajudar a entender esse cenário conflitante.

O primeiro, o calendário do futebol brasileiro. Por que não seguir o padrão europeu, com a temporada entre agosto e junho do ano seguinte?

A lógica é simples. Menos jogadores negociados durante um campeonato, atletas focados em jogar bola e times entrosados. Em janeiro, há uma janela de transferências, mas muito mais curta e menos significativa para o futebol do velho continente.

Neymar em ação pela seleção brasileira. Convocação para as Olimpíadas também prejudicou o Santos.

Neymar em ação pela seleção brasileira. Convocação para as Olimpíadas também prejudicou o Santos.

E como explicar que com o Brasileirão a todo vapor, os convocados para a seleção desfalcam os seus clubes? Por que só o nosso calendário não respeita as “datas FIFA”? É óbvio que com os bons jogadores fora de ação, cai o nível técnico do Campeonato.

É normal ver o torcedor, querendo seu ídolo fora da seleção. Neymar, por servir o Brasil, atuou em apenas 17 dos 38 jogos do Santos pelo Brasileirão 2012. O Peixe e os santistas foram os mais prejudicados.

Estaduais menos inchados poderiam ser um pontapé inicial para resolver esse problema. O excesso de jogos também contribui para o desgaste dos atletas, que sofrem com lesão e/ou chegam a atuar fora das condições ideais de jogo.

O segundo motivo são as más condições dos gramados e estádios. Nesse ano, o Atlético-PR recebeu o Cruzeiro na Vila Olímpica do Boqueirão. O estádio não tinha luz artificial, o gramado esburacado não permitia a troca de passes. A CBF deveria proibir um jogo pelo Brasileirão nessas condições. Se não tinha um estádio bom no Paraná, que a partida fosse realizada em campo neutro.

O Náutico é um exemplo do preço alto que se paga por ser um “bom mocinho” no futebol brasileiro. Quando jogava nos Aflitos, o mau estado do gramado nivelava a diferença técnica entre o clube e seus rivais. Jogando na Arena Pernambuco, a qualidade dos adversários sobressaem ao seu elenco limitado.

Provavelmente, o Náutico será um dos rebaixados nesse Brasileirão. Como prêmio pode conquistar uma vaga na Copa Sul-Americana de 2014. Mais um capítulo das incoerências do futebol brasileiro.

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Gabriel Godoy

Jornalista; frustrou-se na tentativa de ser um jogador profissional; peladeiro; apaixonado por futebol de campo, de rua, de botão, de vídeo-game...

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