Qual é, meu irmão?

Ozias e Ozéas eram gêmeos. Além da semelhança física que era inegável, os dois possuíam outra qualidade em comum: eram bons de bola. Desde crianças já deitavam e rolavam com os adversários. Amigos inseparáveis, se divertiam jogando. Dribles para cá, firulas para lá, gols e gargalhadas.

Uma vez, no ginásio, num desses campeonatos colegiais, fizeram um gol juntos. Isso mesmo, os dois bateram na bola ao mesmo tempo. Os irmãos tabelaram e Ozéas ficou de frente pro crime. Passou pelo goleiro com uma finta de corpo e na hora de arrematar para as redes, chamou o irmão e finalizaram juntos. Resultado: campeões e artilharia para os dois.

Com o passar do tempo, chegaram com destaque ao time titular da cidade. Mesmo crescidos, jogavam feito crianças. Tudo ia muito bem até que num treino, os dois brigaram feio, e por um motivo besta. Ozias achou um desaforo o irmão fazer um gol driblando o time inteiro e não ter tocado a pelota em nenhum momento para ele. Coincidência ou não, desde esse episódio nunca mais foram os mesmos. Hoje eles ainda podem ser vistos no time da cidade, mas no banco. Um numa ponta e o outro na outra.

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André Fidusi

Publicitário e jornalista por formação, ilustrador por vocação. Futebol na veia. Quem pede recebe, quem desloca tem preferência. Pegar de pé é dibra. Vamo que vamo!

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