Top 5 Curiosidades da Copa do Mundo de 62

Terremoto coloca o Chile em xeque. Um basta à naturalização. Anti-Itália. Garrincha e o drible no tribunal. Na TV, mas com dois dias de atraso.

Veja o Top 5 Curiosidades da Copa do Mundo de 62. Confira também os posts sobre as Copas de 1930, 1934, 1938, 1950, 1954 e 1958.

 

1) País-sede ameaçado

Após vencer a concorrência com a Argentina, no dia 10 de julho de 1956, o Chile foi homologado como a sede oficial da Copa do Mundo de 62.

Tudo parecia correr dentro da normalidade, até que em 1960, o país sofreu dois terremotos. Calcula-se que um deles, atingiu 9,5 pontos na escala Richter, o mais violento do mundo no Século XX. O saldo foi terrível: milhares de mortos e 25% da população desabrigada.

Quando tudo indicava que o Chile desistiria de sediar o Mundial, Carlos Dittborn Pinto, presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol disse: “Porque nada tenemos, lo haremos todo” (“Porque não temos nada, faremos tudo”). A FIFA deu um voto de confiança e o país se reestruturou a tempo de receber os jogos da Copa do Mundo. Dittborn, no entanto, morreu antes do início do torneio.

 

2) Naturalização (desen)freada

Entre os favoritos para vencer a Copa do Mundo de 62 estavam Espanha e Itália. O principal motivo que colocavam as seleções na seleta lista de candidatos ao título era a naturalização de jogadores estrangeiros.

A Azurra, por exemplo, contava com os brasileiros Sormani e Mazzolla e os argentinos Maschio e Sivori em seu elenco. Todos eles com ascendência italiana. A Fúria foi além e naturalizou três jogadores sem qualquer descendência espanhola: o húngaro Ferenc Puskas, o argentino Di Stéfano e o paraguaio Eulogio Martínez.

A FIFA não via esse cenário com bons olhos e resolveu colocar limites na onda de naturalização. A nova lei exigia que o jogador só poderia defender uma seleção se ele e/ou os pais tivessem nascido no país em questão.

 

3) Torcida anti-Itália

Apesar dos esforços do Chile para receber a Copa do Mundo de 62, o país foi alvo de críticas de alguns jornalistas, entre eles, o italiano Corrado Pizzinelli. Em um artigo, Pizzinelli afirmou que muitos indigentes e prostitutas ocupavam as ruas do Chile, o que gerou revolta do povo local.

Armou-se, então, um clima de guerra contra a seleção da Itália. Na estreia da Azurra, era notória a preferência da torcida chilena pela Alemanha. No segundo jogo, contra os anfitriões, os italianos chegaram a jogar flores para as arquibancadas. De nada adiantou. O jogo pegou fogo com direito a socos, pontapés e expulsões. Só para se ter ideia, o 1º tempo durou 72 minutos. No final, vitória do Chile: 2×0.

 

4) Um drible no tribunal

Ainda na fase de grupos, o Brasil, por motivo de lesão, perdeu Pelé para o restante do torneio. Amarildo foi o substituto e no seu jogo de estreia contra a Espanha, marcou os dois gols da vitória por 2×1.

Contudo, o grande nome da Copa do Mundo foi Mané Garrincha. Na semifinal contra o Chile, o “Anjo das Pernas Tortas” fez dois gols, mas após falta grave em Eladio Rojas, foi expulso de campo.

Por pouco Garrincha não jogou a final da Copa do Mundo de 62

Por pouco Garrincha não jogou a final da Copa do Mundo de 62

 

Na época, não existia cartão vermelho (só foi implementado na Copa de 1970) e a suspensão por agressão era de no mínimo um jogo. No julgamento, o árbitro Arturo Yamasaki disse que a expulsão do jogador deveu-se a informações passadas pelo bandeirinha Esteban Marino, que então foi convocado a depor. Mas misteriosamente, ele não apareceu e sem provas, o craque brasileiro foi liberado para jogar a final. Na decisão, Garrincha ajudou o Brasil a vencer a Tchecoslováquia por 3×1.

 

5) Por isso colo meu ouvido no radinho…

A Copa do Mundo de 62 foi a primeira a ser televisionada para o Brasil. Mas a transmissão não era ao vivo e os brasileiros tinham que esperar pelas fitas de videotapes trazidas ao país por aviões. Os jogos eram transmitidos pela TV, em média, com dois dias de atraso.

Pelo radinho, a torcida brasileira pôde comemorar o bicampeonato mundial. A base era a mesma da última Copa, sendo que com exceção dos zagueiros, o time da estreia era o mesmo da final de 58.

Obs: até hoje, Gylmar é o único goleiro bicampeão titular de Copas do Mundo.

 

Fonte: O mundo das Copas, de Lycio Vellozo Ribas

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Gabriel Godoy

Jornalista; frustrou-se na tentativa de ser um jogador profissional; peladeiro; apaixonado por futebol de campo, de rua, de botão, de vídeo-game...

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