Top 5 Curiosidades das Copas: 1950, 54 e 58
A história das Copas do Mundo apresenta fatos curiosos que aconteceram durante suas edições, desde a primeira em 1930 no Uruguai. Acontece de tudo: arrogantes se dão mal, países são penalizados e um outro é perdoado, “uma pátria sem chuteiras” e o início de uma superstição! Pensando nisso preparamos uma série de matérias chamadas “Top 5 Curiosidades das Copas”. Seguimos com as Copas de 1950, 1954 e 1958.
1950 – sede: Brasil | campeão: Uruguai
1) Sem concorrências para o país-sede
Brasil, Alemanha e Argentina eram fortes candidatos para sediar a Copa do Mundo de 1942. Porém, com a eclosão da II Guerra Mundial, o torneio foi cancelado e só voltaria a ser disputado em 1950.
A Alemanha estava destruída pela Guerra e sofreria sanções da FIFA (ver mais no item 3). A Argentina desistiu do páreo. Sem concorrências, a Copa do Mundo de 1950 veio de mão beijada para o Brasil.
Para receber o torneio, o país se mobilizou para a construção de estádios entre eles, o Mário Filho, o popular Maracanã. 500 mil sacos de cimento, seis empreiteiras, 4.500 operários. Nascia ali, o maior estádio do mundo, na época, com capacidade oficial para 155 mil pessoas. Na final, o Maracanã recebeu 199.854 espectadores. Destes, 173.850 pagaram ingressos.
2) A estreia dos (arrogantes) ingleses
Em 26 de outubro de 1963, nascia na Inglaterra a “The Football Association” que passou a organizar e sistematizar o futebol. A entidade foi a responsável por definir as regras do jogo, entre elas, o tamanho do campo, a bola, número de jogadores por equipe, tempo das partidas, etc.
Apesar de existir em culturas antigas vários vestígios da prática de jogos de bola com os pés, a Inglaterra é considerada a pátria-mãe do futebol.
Isso era o combustível para que ingleses se proclamassem como os melhores no ramo. Com esse discurso, a Inglaterra abriu mão de disputar as três primeiras edições da Copa do Mundo. Não era preciso disputar o torneio para comprovar a superioridade britânica, garantiam.
A soberba foi castigada. Na Copa do Mundo de 1950, a Inglaterra estreou com vitória sobre o Chile. Mas ainda na 1ª fase, os ingleses foram derrotados pelos Estados Unidos por 1×0, no Independência, em Belo Horizonte. Para muitos, a maior zebra da história das Copas. Apesar do tropeço, a seleção inglesa ainda tinha chances de classificação, mas sofreu nova derrota, 1×0 para a Espanha no Maracanã, e deu adeus ao Mundial ainda na fase de grupos.
3) Punição ao Eixo, salve a Itália
Alemanha e Japão foram destituídos da FIFA como punição pela II Guerra Mundial. A Itália também estava entre os países do “Eixo”, porém, como reconhecimento ao esforço do dirigente Ottorino Barassi em esconder a “Taça Vitória das Asas de Ouro” ou “Taça Jules Rimet” durante todo o conflito, a Azurra foi perdoada e defendeu o seu título normalmente.
Anos antes da Copa do Mundo de 1950, a Itália era apontada como uma das principais favoritas. No entanto, em maio de 1949, os jogadores do Torino, a base da seleção italiana, foram vítimas de um acidente aéreo, episódio que ficou conhecido com a “Tragédia de Superga“. A Azurra , enfraquecida, se despediu com uma vitória e uma derrota.
4) Camisas numeradas e uma pátria sem chuteiras
Números nas camisas já haviam sido adotados nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 1938 e em diversos jogos entre clubes, inclusive no Brasil. No entanto, a numeração apareceu em Copas apenas na edição de 1950, facilitando a identificação para narradores e torcedores.
Contudo, na contramão da modernidade, a Índia desistiu de participar da Copa do Mundo de 1950 por um dos motivos mais esdrúxulos que se pode imaginar. A seleção abriu mão da disputa ao descobrir que seus jogadores não poderiam atuar descalços!
5) Uniforme aposentado
Vez ou outra, o Brasil era apontado como um dos favoritos para vencer a Copa do Mundo. Mas a façanha ainda não tinha sido alcançada. Em casa, com o apoio da torcida, seria a nossa vez. Ou não.
Brasil, Uruguai, Suécia e Espanha se classificaram para o quadrangular final. A última rodada colocava frente a frente os países sul-americanos, os únicos com chances matemáticas de título: os anfitriões com quatro pontos e os uruguaios com três (na época, vitória valia dois pontos e empate, um).
O Brasil jogava pelo empate e saiu na frente com um gol de Friaça já na etapa complementar. Mas o Uruguai virou a partida e conquistou seu segundo título mundial.
Após o revés, a CBD (Confederação Brasileira de Desportos) abandonou o uniforme branco, sob a alegação de que dava azar e adotou a camisa amarela e short azul, uma marca da seleção brasileira atual. O novo kit foi escolhido em concurso realizado no jornal Correio da Manhã, do Rio de Janeiro. O público escolheu o uniforme desenhado pelo gaúcho Aldyr Garcia Schlee, de 19 anos.
• Todos os jogos ilustrados da Copa de 1950 AQUI.
1954 – sede: Suiça | campeão: Alemanha Ocidental
A 1ª Copa televisionada ao vivo pela TV foi a edição com a melhor média de gols. E aqueles que assistiram a final, presenciaram um verdadeiro milagre.
1) Fora da II Guerra
A II Guerra Mundial eclodiu na Europa em 1939, um ano após a Copa do Mundo da França. A Suíça foi poucos países europeus que permaneceu neutro durante o conflito. Pelo fato de aliar prosperidade econômica e boa infraestrutura, em 1946, quando a FIFA oficializou o Brasil como sede da Copa de 50, anunciou também a Suíça como sede em 1954.
2) Com 13 anos, garoto garante a Turquia na Copa
O fato mais curioso nas Eliminatórias da Europa para a Copa de 54 foi para definir o classificado do confronto entre Espanha e Turquia. Depois de uma vitória para cada lado, as seleções se enfrentariam em uma terceira partida na Itália, que terminou empatada em 2×2. A vaga seria decidida em um sorteio e coube a Luigi Gemma, filho de 13 anos de um trabalhador local, tirar da cumbuca o papel com o nome do país que disputaria a Copa do Mundo. A Turquia foi sorteada e levou para a Suíça, o garoto como mascote.
3) Transmissão pela TV
Pelo Grupo A, a Iugoslávia venceu a França por 1×0, no jogo de abertura do Mundial de 1954. Foi a primeira partida em Copas transmitida ao vivo pela TV (apenas para oito países da Europa).
4) Eu quero ver gol!
O gol é o momento máximo do futebol. Quem é que gosta de futebol e não gosta de ver a rede balançando? De fato, não faltou emoção na Copa do Mundo de 54. Foi a edição com a maior média de gols: 140 em 26 jogos, ou seja 5,38 por partida. Nas quartas-de-final, a Áustria venceu a Suíça por 7×5, o jogo com maior número de gols na história das Copas.
5) Gols-relâmpagos
Alemanha Ocidental e Hungria chegaram a final da Copa do Mundo de 54. Os húngaros, invictos a 31 partidas, eram francos favoritos e costumavam surpreender os adversários com gols logo nos minutos iniciais das partidas.
Os “gols-relâmpagos” tinham uma justificativa. A seleção foi a primeira a fazer pré-aquecimento nos vestiários e já entrava em campo em ritmo acelerado, ao contrário de seus rivais.
E na final não foi diferente: logo aos 8 minutos, o placar mostrava 2×0 para a Hungria. No entanto, os alemães chegaram a virada e comemoraram o primeiro título mundial de futebol do país. O episódio ficou conhecido como “O Milagre de Berna“.
• Todos os jogos ilustrados da Copa de 1954 AQUI.
1958 – sede: Suécia | campeão: Brasil
O Brasil finalmente é campeão mundial de futebol. Era a 1ª vez que uma seleção ganhava um título da Copa do Mundo fora de seu continente. O Mundial da Suécia foi o 1º receber cobertura televisiva internacional. Assim, o mundo conheceria Pelé. O Rei eternizaria a camisa 10. Bellini, o capitão do Brasil, eternizaria um gesto.
1) Reino Unido em peso
A Copa do Mundo de 1958 é a única a contar com todos os quatro países do Reino Unido: Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales. Foi a estreia dos norte-irlandeses e dos galeses. O País de Gales só voltaria a disputar uma Copa do Mundo 60 anos depois, agora em 2018. Detalhe: as quatro seleções foram colocadas no mesmo pote para sorteio, o que impedia que se enfrentassem já na fase de grupos.
2) A força do destino, o Rei com a 10
Antes da Copa do Mundo, Pelé não era titular na cabeça do técnico Vicente Feola. Tanto que Pelé ficou de fora das duas primeiras partidas da seleção no torneio. Poucos no Brasil conheciam aquele garoto de 17 anos. Imagine no exterior.
Mas se ele era reserva, por que jogou a Copa do Mundo com a camisa 10? João Havelange, presidente da CBD, nomeou Paulo Machado de Carvalho para cuidar do futebol da entidade.
As funções de Dr. Paulo iam desde planos de vôo até a alimentação dos jogadores. Só que um “detalhe” passou despercebido: ele esqueceu de mandar a numeração dos jogadores à FIFA que então, de forma aleatória, definiu o font set dos convocados. Queria o destino que o Rei usasse a 10.
3) Tragédia e o fim do favoritismo inglês
A Inglaterra era uma das favoritas para conquistar a Copa do Mundo de 1958. Era. Em 8 de fevereiro daquele ano, quatro meses antes do início do torneio, um acidente vitimou 23 pessoas, sendo oito jogadores do Manchester United, dois deles (Tommy Taylor e Duncan Edwards) titulares absolutos da seleção inglesa.
Os Diabos Vermelhos voltavam de um jogo em Belgrado, Iugoslávia, contra o Estrela Vermelha pela Taça dos Campeões – atual UEFA Champions League. O avião que trazia a delegação fez escala em Munique, na Alemanha. De lá, já havia tentado levantar voo em duas oportunidades, mas não conseguiu devido à neve que caiu na pista. Na terceira tentativa, a aeronave se chocou contra uma casa desabitada.
O avião levava ao todo 44 pessoas. Além dos jogadores, jornalistas e membros do staff do United faleceram no acidente. Entre os sobreviventes, estava Bobby Charlton, reserva da Inglaterra em 1958, e campeão da Copa do Mundo de 1966.
A Inglaterra foi eliminada ainda na Fase de Grupos com três empates e uma derrota. Um dos empates foi com a seleção brasileira, 0x0, o primeiro jogo sem gols das histórias das Copas do Mundo.
4) Lançando moda
Alguns goleiros já haviam jogado com luvas, mas nunca em Copas do Mundo. Coube a Lev Yashin, da União Soviética, essa honraria.
Mas não era apenas os acessórios que garantiam visibilidade ao Aranha Negra, como também era conhecido. Yashin aliava reflexo e agilidade. Fazia milagres com defesas espetaculares. Não bastasse, ele reinventou a posição em que atuava.
Foi o goleiro pioneiro a sair de debaixo das traves para interceptar cruzamentos e antecipar os atacantes, um verdadeiro dono da grande área.
Hoje, o melhor goleiro de uma edição de Copa do Mundo leva para casa o prêmio “Luva de Ouro”, anteriormente denominado Prêmio Lev Yashin. O “Aranha Negra” foi homenageado também no cartaz oficial da Copa do Mundo de 2018 na Rússia, sendo o único jogador até hoje a ter essa honraria.
5) Gesto eternizado
Bellini, o capitão da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1958, recebeu a Taça Jules Rimet das mãos do rei da Suécia Gustav VI Adolf. Uma multidão de fotógrafos chamavam Bellini para fazer uma boa imagem dele com a taça. Solidário, levantou o caneco. A foto rodou o mundo e “sem querer querendo” ele eternizou um gesto repetido pelos campeões do futebol.
• Todos os jogos ilustrados da Copa de 1958 AQUI.
Veja a animação stopmotion do 3˚ gol do Brasil, marcado por Pelé, na final contra a Suécia:
Próximo “Top 5 Curiosidades das Copas”: 1962, 66 e 70.
Fontes:
• Futbox – Centro De Pesquisa Gráfica Sobre Futebol
• Livro – O mundo das Copas, de Lycio Vellozo Ribas
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