Que dia é hoje?

Acordo cedo, meio sem saber por quê. Dou aquela espiada no relógio com um olho só, por que o outro ainda agoniza. Oito e trinta e sete da matina. Ainda descabelado e amarrotado, vou para sala de televisão e ligo a bendita. Corro os canais rapidamente e o máximo que consigo é parar num desses programas de desenho animado. Algo me diz que esse dia vai ser estranho.

Depois de rever o mesmo episódio de Tom e Jerry pela milésima vez, mudo o canal. Os ponteiros do relógio juntos no doze estão em perfeita sintonia com o barulho do meu estômago. E na TV, por pura sacanagem, uma maratona de programas culinários. Parei com o masoquismo e devorei a pizza que acabara de adentrar.

O tédio me abraça como se fosse meu melhor amigo e os dedos nervosos pulam de um número para o outro no controle remoto. Olho para o lado e vejo que estou no meio da tarde. Depois de várias tentativas de fixar os olhos numa só atração, me deparo com os famigerados programas de auditório. Bizarrices, sensacionalismo e gente tentando ser engraçada tomam conta do meu período vespertino.

Cai a noite e eu continuo ali sentado, na raça. O olho chega a doer de tanta agressão vinda da tela colorida. O resto de força que me resta vale um apertão na tecla. Um filme, que juram que é inédito, se arrasta madrugada adentro. Sentindo-me o maior dos derrotados, volto para a cama com a mesma disposição (ou falta dela) em que levantei e um só pensamento: Não há coisa mais deprimente que um domingo sem futebol.

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André Fidusi

Publicitário e jornalista por formação, ilustrador por vocação. Futebol na veia. Quem pede recebe, quem desloca tem preferência. Pegar de pé é dibra. Vamo que vamo!

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