Evite o conflito, mas se não há conflito ético numa empresa, provoque o debate
Uma pergunta feita por um amigo, no Linkedin, me motivou a escrever este artigo sobre a utilização de conteúdos autorais nas redes sociais, por grandes marcas, empresas e veículos, sem creditar o autor, isto é, sem dizer quem fez o trabalho ou mesmo, sem pedir permissão para usar tal conteúdo.
Isso acontece muito, pois as redes sociais são ambientes ainda obscuros para o ser humano em relação às questões éticas e, principalmente, propriedades intelectuais.
A pergunta foi a seguinte:
“E como proceder numa situação dessas?”
Antes porém, vamos contextualizar. A pergunta (comentário) foi feita em um post que tinha publicado, após a utilização do conteúdo autoral do Futbox, pela enésima vez, sem autorização do mesmo ou pedido de permissão para utilizá-lo, por parte de uma grande Rede de TV do Brasil.
O Futbox – Centro de pesquisa gráfica sobre futebol – construiu ao logo de mais de 30 anos de estudos, dedicação e muito investimento, o maior acervo ilustrado do mundo sobre futebol (link Futbox) e presta serviços, projetos e soluções para clubes, marcas, empresas e patrocinadores do mercado esportivo, desde 2011 (projetos realizados, canais e artigos), quando entrou no ar, utilizando seu conteúdo gráfico inédito e de alta qualidade e precisão, suas expertises adquiridas ao logo desse periodo e sua metodologia inovadora de trabalho, desenvolvida especificamente para tais propósitos: a Metodologia dos 3Ts: Tradição, Torcida e Troféus. (Mais detalhes aqui).
Nos últimos 4 anos, o conteúdo do Futbox vem sendo utilizado por grandes marcas sem os devidos créditos ou mesmo, um simples contato no privado para solicitar a permissão.
Isso acontece também envolvendo páginas nas redes sociais criadas por pessoas (físicas) curiosas em relação a história do futebol. Em alguns casos, existe a ignorância em relação ao trabalho e a propriedade intelectual também. Existem porém, vários casos onde outras páginas entram em contato e a partir daí, formamos parcerias de fato.
Agora, quando se trata de “pessoa jurídica”, aí percebemos como algumas empresas ainda se encontram no mundo das cavernas em relação às redes sociais. Ou pior, como são marcas que vendem uma coisa, mas agem de forma completamente oposta.
Quando uma grande marca, empresa ou veículo usa um conteúdo gráfico ou audiovisual de grande impacto, validado em relação às informações que estão alí, com alto nível de precisão e detalhamento, sem empregar nenhum esforço, tempo ou dinheiro para produzí-lo, essa mesma marca, empresa ou veículo gera uma grande audiência e, consequentemente, um lucro enorme, sem investimento algum. Literalmente, explora o trabalho de outras pessoas. E consegue ir além: não credita o nome do autor, pois isso afetaria a “vaidade” da marca e promoveria um debate sobre temas inoportunos para algumas empresas, como compartilhar audiências, engajamentos, méritos e lucros.
Uma desculpa usada nesse contexto é que os donos ou diretores de grandes empresas estão muito longe de quem realiza a gestão das suas marcas nas redes sociais. Bom, se isso realmente acontece, é mais um sinal de desqualificação de quem senta nessas cadeiras, pois as redes sociais geram muito dinheiro, poder, pautam o jornalismo mundial, elegem presidentes e promovem guerras. Existe o lado bom e necessário das redes sociais, mas assim que o encontrar escreverei sobre isso. Promessa.
Retornando ao início, o post que publiquei, não só no LInkedin, mas em todas as redes sociais do Futbox onde a Rede de TV utilizou o conteúdo, sem autorização, foi este (link):
3 dicas para quem está começando nas redes sociais como criador de conteúdo autoral.
Nível Básico – Módulo 1:
1ª) Dê os créditos do trabalho que não foi realizado por você.
2ª) “Achei na internet” só vale se você tiver 8 anos.
3ª) Se não achou quem fez e não sabe fazer, não use.
Chegamos, portanto, à resposta para a pergunta: “E como proceder numa situação dessas?”
Se você conhecer os donos ou os diretores da marca (empresa, veículo, etc), entre em contato direto com eles. Não perca tempo tentando falar com quem faz a gestão dessas marcas nas redes sociais. A maioria não parece ser qualificada para tal responsabilidade. Muitas vezes, quem cuida das redes sociais de grandes marcas são pessoas sem a menor noção sobre ética e propriedade intelectual, e o pior, sem visão de negócios. São os famosos “estági” ou “adm”.
Se não tiver acesso aos donos/diretores, a segunda coisa a fazer, por questões protocolares, é entrar em contato no privado e mostrar que é melhor uma parceria entre as marcas do que uma ficar acessando o site ou as redes sociais da outra “na calada da noite” para salvar conteúdos que não sabe fazer ou não tem noção do investimento que demandam para serem criados, pois não tem competência pra fazer. E competência não é apenas habilidade, e sim, o conhecimento e a prática na relação entre lucro e ética.
Caso não haja nenhuma resposta (o que mais acontece), entrar em contato mais uma vez e avisar de forma firme e educada, ainda no privado, que a utilização desses conteúdos não foi autorizada e que as publicações serão denunciadas. Detalhe: enquanto isso, o tempo vai passando e o post da empresa, com o seu conteúdo, vai gerando audiência, engajamento e receita apenas para uma parte.
Caso não haja nenhuma resposta (o que mais acontece), denunciar para a rede social. E aqui, entra em cena o mais cristalino exemplo do que são, de fato, as redes sociais: seus donos e gestores estão pouco se lixando para denúncias, ainda mais se forem contra uma grande empresa que mobiliza audiências e lucros consideráveis para as próprias plataformas.
Ficam restando portanto, duas possibilidades: entrar na justiça (que ainda está batendo cabeça em relação a propriedade intelectual em ambientes digitais), e ainda vai piorar com a IA, até alcançarmos – numa visão otimista – um cenário ético (e aqui vale uma ressalva: o problema não está na IA, e sim, no ser humano. Sempre. O lado bom é que as soluções partem do mesmo ser também) ou fazer o que foi feito aqui, nesse post: expor a falta de ética e de profissionalismo da marca.
Muitos criadores não se manifestam quando seus trabalhos são utilizados por grandes empresas, sem as suas permissões, pois ficam com medo de que “portas futuras se fechem”. Isso é uma cilada que as próprias redes sociais perpetuam. As portas não vão se abrir se os criadores ficarem calados. Evite o conflito, mas se não há conflito ético numa empresa, provoque o debate.
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Foto de capa: Cinco crânios que vão, desde um Australopithecus africanus, de aproximadamente 2,5 milhões de anos (à esquerda), até um Homo sapiens de aproximadamente 4.800 anos (à direita). Mostram as mudanças no tamanho da caixa craniana na inclinação da face e no formato, das cristas superciliares ao longo de pouco menos da metade da história evolutiva humana. Programa de Origens Humanas, NMNH, Smithsonian Institution | Montagem: Futbox
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