O uniforme da seleção brasileira precisa ser do tamanho do Brasil no futebol
O uniforme da seleção brasileira, desde a Copa de 2002, vem perdendo força numa constante incômoda.
Atualmente, a temperatura das cores está invertida mais do que nunca: o amarelo perdeu o seu “ouro” e está estabelecido, há algum tempo, num tom de caneta marca texto. O azul dos calções ficou escuro demais e, o detalhe mais emblemático, os meiões foram descaracterizados, perderam suas duas listras grossas (verde e amarela).
A inovação está no material, no corte, no tag, no comportamento e nos meios de consumo dos produtos, e não necessariamente em texturas e modelos sem personalidade, com a pretensão de “conversarem” com os jovens por meio de tentativas cafonas de design emulando ambientes de “eGames / eSports”.
Vender muito também não é suficiente em relação à gestão da marca e ao legado da seleção brasileira. O sarrafo é muito mais alto. Inserir texturas para “tentar” acabar com a pirataria parece também não ser bem compreendido pelos responsáveis pela identidade visual brasileira. Misturam aspectos culturais, camuflagens de animais do Brasil de uma forma bem atrapalhada na camisa da seleção. O Curioso é que a marca esportiva realiza belos trabalhos mundo afora, mas no caso da seleção brasileira é uma sucessão de equívocos, desde 2002. Descaso da marca ou interferência da entidade? Brega e cafona são conceitos distintos. O primeiro faz parte da cultura brasileira, está na música, inclusive, e é muito bem-vindo. Já o segundo é imperdoável.
Em paralelo ao resgate das questões técnicas, conceituais e administrativas do futebol brasileiro, sua identidade visual, sintetizada no uniforme da sua seleção, são fundamentais e estratégicos para reaproximar o torcedor. Não é só convocar jogadores de clubes brasileiros, inclusive, isso irrita muito mais os torcedores do que a não convocação, pois o nosso calendário insiste em negar que existe um planeta chamado Terra, com ligas mais ricas economicamente do que o Brasileirão e clubes mais atrativos em relação a construção de carreiras.
O Brasil é o que é, por causa do periodo entre 1958 e 1982, onde o futebol que encantou o mundo e, paradoxalmente, inspirou e amedrontou adversários, tinha sua entrada em campo como a foto de capa nos relembra.
Está tudo disponível. Só ter capricho na produção ao utilizar as tecnologias atuais para a escolha dos materiais: tecidos, escudo e afins.
Todas as soluções no futebol passam pelo equilíbrio entre tradição e inovação. Resgatar o passado significa preservar o nosso presente para as gerações futuras. A originalidade está nos detalhes e não na essência. Lastro é determinante no futebol.
• Fotos (de capa e Rivellino): 1973, Berlin: Alemanha Ocidental x Brasil. Registro do excepcional Masahide Tomikoshi.
• Fotos (novas camisas da seleção brasileira 2024): divulgação
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